domingo, 23 de maio de 2010

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Era uma noite tão dele. Não quis sair com os amigos, não quis vestir-se. Não quis sair de casa. O céu anunciava estrelas escondidas e a lembrança de uma lua. A casa estava tão vazia quanto seu coração. Era uma noite tão dele. Não sabia se deitava no sofá. Se lia um livro. Se assistia algum filme qualquer na tv. Fumava aos cantos, e andava aos montes. Ia de quarto a quarto, cozinha, sala, tudo, tudo. Pensava em reter tudo. Recebia benção de uma energia triste e cambaleante que passeava por ali. Quis escrever alguma coisa. Não sabia por onde começar, nem o que dizer. Experimentava o vão do ser. Não é possível gritar no vácuo. Sabia que era uma noite sua. Indefinível como deveria ser.
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Teu getsêmani
tão meu
tuas marcas
são minhas
este cálice
me embriagou
de tanto
que santo nenhum
me veja e não
compadeça
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se eu fizesse esse contrato ato com você cê ficaria ria de mim? Se pudesse esse se pude... Quisera era eu e você cê pensou sou já isso nisso? À tarde arde como fosse compensar pensar que outrora ora era livre ora não era minha oração. Matei atei em ti titã tã-tã-tã-tã nada detonada somente mente só para mim ficou ou eu vi vivinho da silva va embora ora. Vai esvai se ex se não hão se cê ser. Ponto, to pronto onto lógico que to o que espera era mais ais de um triste poema ema ema que dilema esse cada qual com seu eu problema. Aqui a sina assina aqui!
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terça-feira, 18 de maio de 2010

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de leve
esse vento forte
cobre meu teto de arrepios.
entre desvarios
procuro o norte
desse barco além.
Ai, que louca
essa viagem
de ser alguém.
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podia uma energia
etérea uma nuvem
astral uma força
imaterial uma coisa
metafísica que ninguem
explica faça
assim faça
assado faça
algo por mim
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domingo, 16 de maio de 2010

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Deita que hoje estou antropofágico
que vou comer seus olhos
lamber seu cabeça
morder sua boca!
deita que hoje o sexo
vai ser no corpo
entra que o gozo vai estar fora
envoltos nele, nos mastigaremos
degustaremos os gostos
e regurgitaremos os amargos
desnuda que o quarto
vai ser agora altar
que a imundícia da carne
será nosso teatro
que a pureza será nossa arma
deita que nos comeremos esta noite
e amanhã
digeridos
nos veremos diferentes
quem sabe
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sábado, 8 de maio de 2010

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Tenho que deixar essa mania de comunicar as coisas pela poesia. O que sou, o que de fato sou, está escrito. Meu corpo traz inscrições, minha palavra apenas enuncia alguns grunhidos desastrosos. Conhece mesmo a ti. Mesmo, ao menos, o que mesmo assim és. Mesmo não podendo dizer de tudo o que grito por dentro, sou assim mesmo. Quando das minhas palavras eclodirem pernas para alcançar, ou braços para tocar, ou existentes beijos para fazer coisa qualquer, algo seria compreendido. Meu mundo é pequeno, do tamanho daqueles que lêem poesias.
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