quarta-feira, 21 de setembro de 2011

eu acho

não quero morrer não,
talvez explodir
como um bigbang, simplesinho que seja
mas que mande tudo pro caralho
e criam coisas novas.
dessa bomba
eu vire um bando de borboletas
ou sopro de purpurina, ou ataque de riso
ou os incontidos dizeres
dessas bocas comedidas.
.
.
.

...

e tudo
que busco
se arrisco
não me furto
corro risco
me voltar
a tudo
que busco
se arrisco
não me furto
corro risco
me voltar
é tudo
que busco
.
.
.

...

um samba inventado
no pé
desvia a atenção
de uma dor derrubada
nos olhos
.
.
.
Achava que o amor, essa coisa
Meio indefinida
Por obra quem sabe talvez de um descuido
Escapasse pra um e o outro viver
Mas amor enquanto ideário
De pobres humanos coitados
Lançados tão bestas à própria sorte
Não parece ser
Possível seja mesmo o abrigo
De solidões mesmos tristes
E por isso mais belas
fosse assim acolher
Corações inábeis e certos
Se arranham as unhas cumpridas da negação
Fingem e inventam um suave sofisma
Talvez amor só exista, na boa, em alguma canção

Eu não quero mais
Viver sem você

Quando acho que quero eu não consigo
Se parece que consigo aí eu já não quero não
Não quero nem um pouco abandonar
Esse ideal
Que tanto mal
Que tanto mal
Que tanto mal

(era pra ser uma música. vai ser ainda)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

tempo

E eu diria: olha, até que sou idealista, bem idealistinha, do tipo brega e esperançoso, mas olha... E você me questionaria primeiro, e depois não sei se algumas lágrimas intrusas ou um sorriso amarelo, coisa do momento, me deixariam confuso, me jogaram novamente naquele abismo, velho conhecido. E eu, só queria ajudar, acabo entrando nesta dança e você me vê assustado, afinal, cada qual com seu cada um. Mas a irracionalidade desta razão louca, de merda, louca de merda, diria, é tão mais evidente do que qualquer sonho singelo de beleza. E não sei se eu ou você disse: tá cada vez mais difícil amar hoje em dia. Daí eu soltava uma frase minha do momento, algo do tipo que todas as pessoas são egoístas e que o egoísmo é a regra do mundo. E você rirá, patética a frase, sim eu sei, mais patética a verdade contida nela. E eu lembraria que a gente é tão solitário, todos nós pequenos seres com medo neste mundo. E o mundo concordou, já farto de tanta maldade e de tanta crueza, e de tanta tristeza. E você tentaria pensar algum lugar onde se refugiar. E eu dissera que hoje em dia há tão poucos lugares para existir, e cada vez existirão menos. E você perguntou se é o meu momento. E eu lembrarei deste longo momento, e mentiria que sim. E você reconfortou, e eu feliz de imaginar o dia que você vai acordar um sorriso, e lembrar dos favores que ele faz. E você diria: seu sorriso vem quando quer. Eu dissera sim, já chorando, e certo que uma coisa esconde a outra. Palhaço, você dizia, o palhaço. E eu não saberei mais quem estava dizendo o quê. E você não queria ficar calado, porque o silêncio é tão gritante de dor. E lembrava que dói. E sentiria a dor. Talvez até sentisse vontade de dizer: ai, como dói. Acho que dissera. E o sonho dirá: eu não consigo abandonar você, ou talvez eu não queira. Quando acho que quero, não consigo, quando acho que consigo, não quero. Se a fantasia de uma ilusão ficasse quietinha, daria mais raiva, porque sempre deu pra entender a eloquência dessa ausência. E eu te abraçava, e você tentando ser lembrada por alguém. Quis perguntar, e eu? E esconderá sua dor, e continuou vivendo. Era o fim da frase que eu diria. Dói, pensei.