segunda-feira, 19 de setembro de 2011

tempo

E eu diria: olha, até que sou idealista, bem idealistinha, do tipo brega e esperançoso, mas olha... E você me questionaria primeiro, e depois não sei se algumas lágrimas intrusas ou um sorriso amarelo, coisa do momento, me deixariam confuso, me jogaram novamente naquele abismo, velho conhecido. E eu, só queria ajudar, acabo entrando nesta dança e você me vê assustado, afinal, cada qual com seu cada um. Mas a irracionalidade desta razão louca, de merda, louca de merda, diria, é tão mais evidente do que qualquer sonho singelo de beleza. E não sei se eu ou você disse: tá cada vez mais difícil amar hoje em dia. Daí eu soltava uma frase minha do momento, algo do tipo que todas as pessoas são egoístas e que o egoísmo é a regra do mundo. E você rirá, patética a frase, sim eu sei, mais patética a verdade contida nela. E eu lembraria que a gente é tão solitário, todos nós pequenos seres com medo neste mundo. E o mundo concordou, já farto de tanta maldade e de tanta crueza, e de tanta tristeza. E você tentaria pensar algum lugar onde se refugiar. E eu dissera que hoje em dia há tão poucos lugares para existir, e cada vez existirão menos. E você perguntou se é o meu momento. E eu lembrarei deste longo momento, e mentiria que sim. E você reconfortou, e eu feliz de imaginar o dia que você vai acordar um sorriso, e lembrar dos favores que ele faz. E você diria: seu sorriso vem quando quer. Eu dissera sim, já chorando, e certo que uma coisa esconde a outra. Palhaço, você dizia, o palhaço. E eu não saberei mais quem estava dizendo o quê. E você não queria ficar calado, porque o silêncio é tão gritante de dor. E lembrava que dói. E sentiria a dor. Talvez até sentisse vontade de dizer: ai, como dói. Acho que dissera. E o sonho dirá: eu não consigo abandonar você, ou talvez eu não queira. Quando acho que quero, não consigo, quando acho que consigo, não quero. Se a fantasia de uma ilusão ficasse quietinha, daria mais raiva, porque sempre deu pra entender a eloquência dessa ausência. E eu te abraçava, e você tentando ser lembrada por alguém. Quis perguntar, e eu? E esconderá sua dor, e continuou vivendo. Era o fim da frase que eu diria. Dói, pensei.

2 comentários:

Elis teles disse...

Dói sim. o que que a gente fazia com a dor quando ela vinha mesmo?

Herbert disse...

a gente doia com ela, onde quer que ela fosse. Doia quase tudo o que ela tinha pra oferecer, porque não tinha outra opção.deixava só um pouco sem doer, pra poder respirar. pra poder continuar. e falaria pra dor, algo mais ou menos assim: a gente ainda vai te transformar numa alegria. e ela sabia que toda alegria era um pouco triste, e ficaria satisfeita, a dor.