domingo, 5 de abril de 2009

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Eu disse: eu queria fazer uma coisa diferente, não sei, marginal. E você disse não entendo, para quê. Nem sei, a vida ensina coisas e se faz mesmo, faz tanto errado. Palavras tortas, meio louco, meio paixão. Assim demonstra alguma coisa que caiba nos pensamentos. E exploda. Não sei, não é por sentido. Possível sermos todos tortos, todos sofríveis pela norma, todos pequenos seres desejantes, redundados a esfera dos josés e fernandas sociais. E você, e eu. E nós, onde entramos. Você disse nós, nunca antes disse. Nós com um sabor de filosofia moderna, ou daquelas gregas, cheias de valor e opressão, como um café da manhã do século dezoito. Me senti como uma mulher de casa, dona mesmo, tarefa de tarefa, sem abrir a boca. Pensei isso devia ser bom também. Tudo no lugar certo, seja lá que porra. Que pleno será ser obrigado às coisas. Você espantou. Perguntou como. Negando uma série de transformações sociais relevantes. Libertação, emancipação. Essas balelas. Lembrei de nós. Nós é tão passado, muito passado, ultrapassado. Nem macho, nem fêmea, só efêmero. Efeito e causa de forças sem nome. Olhei para a conta de luz. Com meu nome. Você me viu. Riu. Se nós fôssemos alguma coisa até poderiamos não ser.
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